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Review – Capcom Fighting Collection 2

A Capcom, gigante japonesa dos videogames e mestra incontestável no gênero de luta, demonstra mais uma vez seu apreço pela rica história que construiu ao longo das décadas com o lançamento de Capcom Fighting Collection 2. Seguindo os passos de sua antecessora, esta nova coletânea surge como uma celebração vibrante, resgatando pérolas que marcaram época nos arcades e consoles, e oferecendo-as para uma nova geração de plataformas. A proposta é clara e ambiciosa: reacender a chama da nostalgia nos corações dos veteranos, aqueles que gastaram incontáveis fichas e horas aperfeiçoando combos, ao mesmo tempo em que abre as portas desse universo fascinante para jogadores mais jovens, que talvez só conheçam a Capcom por seus títulos mais recentes.
A chegada de Capcom Fighting Collection 2 não é apenas um exercício de preservação digital, mas um movimento estratégico que reconhece a força duradoura desses clássicos. Em uma era dominada por gráficos ultrarrealistas e mecânicas complexas, a coletânea oferece uma viagem no tempo, relembrando a essência pura e direta dos jogos de luta que definiram padrões e criaram comunidades apaixonadas. Ao reunir títulos que variam desde crossovers épicos até experiências tridimensionais inovadoras para sua época, a Capcom não só enriquece seu catálogo atual, mas também solidifica o legado de franquias icônicas, garantindo que a magia dos pixels e da competição acirrada continue acessível e relevante. Esta coleção é um convite irrecusável para explorar ou revisitar capítulos fundamentais da história dos fighting games.
Os Jogos da Coleção
Capcom vs. SNK Millennium Fight 2000 PRO
Lançado originalmente nos arcades em 2001 como uma versão aprimorada do título de 2000, Capcom vs. SNK Millennium Fight 2000 PRO representa um marco histórico: o primeiro grande crossover entre os universos de luta da Capcom e de sua então rival, a SNK. Este título, conforme detalhado no site oficial da Capcom Fighting Collection 2, permite aos jogadores montar times dos sonhos, misturando personagens icônicos como Ryu e Kyo Kusanagi, ou Chun-Li e Mai Shiranui.
A jogabilidade é enriquecida pelo sistema de “Groove”, que oferece diferentes estilos de luta baseados nas mecânicas clássicas de cada empresa, e pelo sistema de “Ratio”, que permite balancear equipes com até quatro personagens de diferentes “pesos” ou níveis de poder. A inclusão desta versão PRO na coletânea traz personagens adicionais e ajustes de balanceamento em relação ao jogo original, oferecendo a experiência definitiva deste confronto épico que marcou o início do milênio para os fãs de fighting games.
Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001
Considerado por muitos como o ápice da colaboração entre Capcom e SNK, Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001 (lançado nos arcades em agosto de 2001) expande e refina a fórmula de seu predecessor. Conforme descrito na página oficial da coleção, este título não apenas aumenta significativamente o elenco de lutadores disponíveis, trazendo ainda mais personagens amados de ambas as empresas, mas também aprofunda a complexidade estratégica.
O sistema de “Groove” foi expandido para seis opções distintas, oferecendo uma variedade ainda maior de estilos de jogo e mecânicas (como parry, just defended, corrida, esquiva, etc.), permitindo uma personalização sem precedentes. Além disso, o sistema “Ratio” foi substituído pelo “Free Ratio System”, que dá aos jogadores total liberdade para distribuir os pontos de força entre os membros de sua equipe (de 1 a 3 personagens), abrindo um leque imenso de possibilidades táticas e de formação de times. Capcom vs. SNK 2 é frequentemente lembrado por seu balanceamento, profundidade e pela celebração definitiva do encontro desses dois gigantes dos jogos de luta.
Capcom Fighting Evolution (Capcom Fighting Jam)
Lançado originalmente nos arcades em 2004, Capcom Fighting Evolution (conhecido como Capcom Fighting Jam no Japão) é um ambicioso crossover que reúne personagens e mecânicas de cinco universos distintos da Capcom: Street Fighter II, Street Fighter Alpha, Street Fighter III, Darkstalkers e o mais obscuro Red Earth. Conforme destacado no site oficial da coleção, a premissa central é que cada personagem mantém o sistema de combate de seu jogo de origem.
Isso significa que um lutador de Street Fighter II terá suas mecânicas clássicas, enquanto um de Darkstalkers poderá usar Chain Combos, e um de Street Fighter III terá acesso ao Parry. Essa mistura de sistemas cria confrontos únicos e exige que os jogadores adaptem suas estratégias dependendo do oponente. Embora seja um título que divide opiniões entre os fãs (muitas vezes criticado pela reutilização de sprites e falta de novos personagens), sua inclusão na coletânea oferece uma oportunidade interessante de experimentar essa colisão de estilos de luta da própria Capcom.
Street Fighter Alpha 3 UPPER
Street Fighter Alpha 3 UPPER é uma versão aprimorada e expandida de Street Fighter Alpha 3, considerado por muitos o ápice da série Alpha. Lançado originalmente em arcades selecionados e posteriormente em consoles, esta versão “UPPER” (baseada na versão japonesa “Zero 3 Upper”) adiciona ainda mais personagens ao já vasto elenco do jogo original, incluindo lutadores como Eagle, Maki, Yun e Juni, que antes eram exclusivos de outras versões ou plataformas.
Conforme a descrição no site oficial da Capcom Fighting Collection 2, o jogo mantém o aclamado sistema de “Isms” (X-Ism, A-Ism e V-Ism), que permite aos jogadores escolherem diferentes estilos de luta que alteram significativamente as habilidades e estratégias de cada personagem. X-Ism oferece um estilo mais direto e poderoso, reminiscente de Super Street Fighter II Turbo; A-Ism é o estilo padrão da série Alpha com múltiplos níveis de Super Combo; e V-Ism foca em Custom Combos devastadores. A inclusão desta versão na coletânea é uma excelente notícia para os fãs, pois oferece a experiência mais completa de um dos mais celebrados títulos 2D da Capcom.
Power Stone
Lançado originalmente para a placa de arcade Sega NAOMI em fevereiro de 1999 e posteriormente portado para o Dreamcast, Power Stone marcou a incursão da Capcom no gênero de luta em arena 3D, afastando-se do plano 2D tradicional. Como descrito na página oficial da Capcom Fighting Collection 2, o jogo se destaca por sua jogabilidade intuitiva e caótica. Os jogadores se enfrentam em arenas interativas, podendo usar praticamente qualquer objeto do cenário como arma, interagir com elementos como pilares para realizar ataques acrobáticos, disparar bazucas e, claro, arremessar os oponentes.
O elemento central, que dá nome ao jogo, são as “Power Stones”. Ao coletar três dessas gemas que surgem aleatoriamente no cenário, o personagem se transforma temporariamente (entra no modo “Power Drive”), ganhando acesso a ataques especiais devastadores e visuais incrementados. Com uma atmosfera leve e aventureira, ambientada no século XIX, Power Stone oferece uma experiência de luta 3D acessível, divertida e cheia de ação.
Power Stone 2
Ampliando a diversão caótica de seu antecessor, Power Stone 2 (lançado nos arcades em abril de 2000) eleva a fórmula da luta em arena 3D a um novo patamar, focando na experiência multiplayer. Conforme detalhado no site oficial da Capcom Fighting Collection 2, a principal novidade é o suporte para até quatro jogadores simultâneos na tela, transformando as batalhas em verdadeiros “battle royales” frenéticos.
As arenas se tornaram ainda maiores, mais interativas e dinâmicas, com múltiplos níveis e eventos que podem mudar drasticamente o curso da luta a qualquer momento (como navios afundando ou pedras rolando). Além de manter a mecânica central de coletar Power Stones para se transformar e usar ataques especiais, Power Stone 2 introduziu a possibilidade de combinar itens para criar novas armas e efeitos, adicionando uma camada extra de estratégia e imprevisibilidade. O jogo também trouxe novos personagens e um modo aventura com chefes gigantescos, consolidando-se como um clássico cult adorado pela sua ação multiplayer desenfreada e criativa.
Project Justice (Rival Schools 2)
Continuando a saga escolar de Rival Schools: United by Fate, Project Justice (lançado nos arcades em dezembro de 2000 e conhecido no Japão como Moero! Justice Gakuen) aprofunda o combate 3D com foco em equipes. Como a página oficial da coleção descreve, o jogo eleva a ação para batalhas de 3 contra 3, onde a cooperação entre os estudantes lutadores é fundamental. Uma das mecânicas mais marcantes é o “Party-Up Technique”, um ataque especial devastador realizado em conjunto pelos três membros da equipe, que não só causa dano massivo, mas também oferece bônus temporários.
Além dos personagens que retornam do primeiro jogo, Project Justice introduz novos estudantes e expande a história, que envolve conspirações e rivalidades entre diferentes colégios. O jogo mantém a jogabilidade acessível, mas adiciona camadas de estratégia com as interações de equipe, como assistências e contra-ataques em dupla. Sua inclusão na coletânea é especialmente celebrada, pois Project Justice é um título cult que raramente foi relançado fora de suas plataformas originais (Arcade e Dreamcast).
Plasma Sword: Nightmare of Bilstein (Star Gladiator 2)
Sequência direta do primeiro jogo de luta 3D com armas da Capcom, Star Gladiator, Plasma Sword: Nightmare of Bilstein (lançado nos arcades em março de 1998) expande o universo e o elenco de seu predecessor. Conforme a página oficial da coleção detalha, o jogo se passa um ano após os eventos do primeiro título e continua a saga de heróis galácticos lutando contra a ameaça do Império liderado (ou assombrado) por Bilstein.
Com um elenco significativamente maior (22 personagens, incluindo muitos novos rostos e retornos), Plasma Sword aprofunda o sistema de combate baseado em armas. Cada personagem possui uma “Plasma Sword” com habilidades únicas, e mecânicas como “Plasma Field” (uma aura temporária que concede vantagens) e “Plasma Strike” (um super ataque devastador) adicionam camadas táticas. O jogo também se destaca pelas cutscenes que desenvolvem a história de cada personagem. Embora a série Star Gladiator não tenha alcançado a mesma popularidade de outras franquias da Capcom, sua inclusão na coletânea resgata um capítulo interessante da história da empresa nos jogos de luta 3D, oferecendo combates com armas e uma estética sci-fi distinta.
Nostalgia e Acessibilidade: Resgatando Tesouros Perdidos
Um dos maiores trunfos de Capcom Fighting Collection 2 reside, inegavelmente, em seu poderoso apelo nostálgico, transportando os jogadores de volta para a era de ouro dos arcades e do Dreamcast, entre o final dos anos 90 e início dos 2000. Para muitos que viveram essa época, rever títulos como Capcom vs. SNK 2 ou Street Fighter Alpha 3 UPPER é um reencontro emocionante com clássicos que definiram inúmeras horas de diversão e competição. No entanto, o valor da coletânea transcende a simples nostalgia, atuando como um essencial trabalho de preservação e acessibilidade, especialmente para o público ocidental.

Vários dos jogos incluídos aqui tiveram lançamentos limitados fora do Japão ou ficaram restritos a plataformas que hoje são de difícil acesso. Project Justice (Rival Schools 2) é, talvez, o exemplo mais emblemático. Sendo uma sequência aclamada e lançada primariamente para Dreamcast (além dos arcades), tornou-se um item raro e cobiçado, com cópias físicas atingindo valores exorbitantes no mercado de colecionadores. Sua inclusão oficial, com funcionalidades modernas, é um presente para os fãs de longa data e uma oportunidade inédita para muitos jogadores finalmente experimentarem este clássico cult. Similarmente, Power Stone e, principalmente, Power Stone 2, apesar de adorados, ficaram confinados ao Dreamcast por muitos anos, tornando-se lendas quase inacessíveis para quem não possui o console original.
Tê-los de volta, com a promessa de multiplayer online, é a realização de um desejo antigo de grande parte da comunidade. Outros títulos como Plasma Sword: Nightmare of Bilstein (Star Gladiator 2) e a versão UPPER de Street Fighter Alpha 3 também se beneficiam enormemente deste relançamento, oferecendo acesso fácil a jogos que, embora talvez não tão massivamente populares quanto Street Fighter ou Vs. Series, possuem qualidades únicas e eram difíceis de encontrar e jogar legalmente em plataformas modernas. A coletânea, portanto, não apenas celebra o passado, mas o torna vibrante e acessível no presente.
Resumindo…
Capcom Fighting Collection 2 se apresenta como um pacote robusto e extremamente bem-vindo, capitalizando sobre o sucesso de sua predecessora e atendendo a muitos pedidos da comunidade de fãs. Seu ponto mais forte é, sem dúvida, a seleção de jogos. Trazer de volta títulos lendários como Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001, Project Justice e a dupla Power Stone e Power Stone 2 é um feito notável, resgatando clássicos que eram, até então, de difícil acesso legal e funcional em plataformas modernas. A inclusão de Street Fighter Alpha 3 UPPER e Plasma Sword: Nightmare of Bilstein complementa a oferta com experiências 2D e 3D de qualidade, embora talvez menos universalmente aclamadas. A adição de funcionalidades modernas, como modos de treino aprimorados, galerias de arte e música, e, crucialmente, a implementação de multiplayer online com rollback netcode (conforme anunciado pela Capcom), aumenta imensamente o valor e a longevidade do pacote, permitindo que esses clássicos sejam jogados competitivamente e casualmente por uma nova geração.
Contudo, a coletânea não está isenta de potenciais pontos fracos, dependendo da perspectiva do jogador. A inclusão de Capcom Fighting Evolution, um título frequentemente criticado por sua execução e reutilização de assets na época de seu lançamento, pode ser vista como um ponto baixo na seleção para alguns. Além disso, como é comum em coletâneas baseadas em emulação, não se tratam de remasters completos; os visuais e a apresentação são, em grande parte, fiéis aos originais, o que pode não agradar a quem busca modernizações gráficas significativas. A qualidade e consistência do netcode em todos os jogos, especialmente nos títulos 3D como Power Stone e Project Justice, será um fator crucial para a comunidade online e precisa ser comprovada na prática. Por fim, embora a seleção seja forte, sempre haverá debates sobre quais versões específicas de cada jogo foram incluídas (especialmente para fins competitivos) e a ausência de outros clássicos desejados pelos fãs. Apesar dessas ressalvas, o saldo geral pende fortemente para o positivo, dada a importância histórica e a qualidade intrínseca da maioria dos títulos oferecidos.
Veredito Final: Vale a Pena?
Considerando a impressionante seleção de clássicos, muitos dos quais eram de difícil acesso, a implementação de funcionalidades modernas essenciais como o rollback netcode para o multiplayer online, e o inegável valor histórico e nostálgico, Capcom Fighting Collection 2 se posiciona como uma aquisição praticamente obrigatória para fãs de jogos de luta e entusiastas da história da Capcom. A oportunidade de jogar títulos como Project Justice e Power Stone 2 online, ou de revisitar a profundidade de Capcom vs. SNK 2, justifica por si só o investimento para muitos.
Embora a presença de Capcom Fighting Evolution possa ser um ponto menor na curadoria e a fidelidade visual aos originais possa não agradar a todos, os pontos positivos superam largamente quaisquer ressalvas. A coletânea não é apenas um produto para fãs antigos; as opções de acessibilidade, como controles simplificados e modos de treino, também a tornam um excelente ponto de entrada para novos jogadores descobrirem alguns dos pilares do gênero.
Review - Capcom Fighting Collection 2
Seleção de jogos excelente - 9.5
Multiplayer online com rollback netcode: - 8.5
Preservação histórica - 8
Presença de títulos pouco conhecidos - 7
Pode parecer datado para alguns jogadores - 7
8
Muito bom!
É uma celebração primorosa de uma era dourada dos fighting games, um trabalho de preservação crucial e, acima de tudo, um pacote recheado de diversão e competição de alta qualidade. Seja pela nostalgia, pela oportunidade de finalmente jogar clássicos cult, ou pela chance de competir online em alguns dos melhores jogos de luta já feitos, esta coleção entrega valor de forma consistente e apaixonada.