Olá pessoal. Quanto tempo né? Hoje lhes trago Sword Legacy: Omen. O jogo indie brasileiro produzido pela 17Team foi um grande destaque desde que recebeu o “green light” (hoje conhecido como “STEAM direct”) e de lá até seu lançamento foi bastante aguardado por seus seguidores. Utilizando-se como base para sua estória o já bem conhecido universo de Rei Arthur o game de RPG com batalha por turnos em um campo estratégico (sim aqueles com quadradinhos quem nem Final Fantasy Tactics) se mostra um bom título indie, com belas artes e uma dose extra desafio em seu combate estratégico bem detalhado.
História…
[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=CRO2FGmr3N4″]A história do game mostra a Bretanha Partida. O país é fragmentado em cinco reinos, muito tempo antes de o Rei Arthur aparecer. Diz-se que estas terras estão divididas por conspirações e deslealdades, e é justamente uma traição que inicia toda a jornada. A princípio, assumimos o controle do decadente e arrogante cavaleiro comandante Uther Pendragon, que se junta a Merlin, uma espécie de necromante, enquanto escapam de um ataque.
O reino deles, Mércia, sofreu um atentado e o rei foi morto. Agora, Uther e Merlin precisam se aliar a um grupo de improváveis heróis enquanto tentam descobrir porque o Duque de Wessex os atacou e causou toda essa catástrofe. No início, enquanto jogamos o tutorial, encontramos dois aliados: o lanceiro Duanne e a ladra Gwen. Porém, conforme o jogo avança, encontramos outros como o sacerdote Felix, a arqueira Flint, o ferreiro Gorr e o bárbaro Ferghus.
Apesar disso, de uma base de uma saga já consagrada, e de em alguns pontos da estória parecer bem obscuro como nos livros, ela não empolga muito. A trama é previsível e clichê. Falta animações em diálogos (apenas aquela movimentação de ilustrações, no estilo light novel). E a quase total ausência de dublagem (quase porque os personagens conversam em alguns pontos com murmúrios, ou seja, falam aquela dileto do The Sims…), aliada a uma trilha sonora simples e repetitiva, vão acabar tirando o interesse do jogador para com a estória do game.
Jogabilidade…
A jogabilidade do game, se divide em 2 partes: A exploração e a batalha.
No modo de exploração, nós andamos livremente até que se encontre o inimigo e daí (sem nenhuma transição de tela) se entre em modo de combate ali mesmo. Enquanto a porrada não come solto, nós podemos achar itens pelos cenários, passagens secretas, interagir com alguns objetos. Tudo que é possível ter interação, aparece uma lupa quando nós nos aproximamos daquele objeto. Nesse quesito fica aqui uma reclamação.
No modo exploração o conjunto de comando de interagir e câmera para andar são meio estranhos. Isso porque se usa o mouse tanto para andar, quanto para examinar objetos, e geralmente quando você tá andando, e vai interagir com um objeto um pouco mais distante, o boneco vai andando e levando a câmera consigo, o que te faz da vários “misscliks” no objeto que você quer. Infelizmente o jogo não conta com suporte nenhum a joypads de PC ou controles de games, e também não há nenhuma opção para customizar o layout dos comandos.
No modo exploração alguns personagens podem ter interações especiais únicas para sua classe, para resolução de algum problema, como por exemplo o ladino, que pode destrancar portas e baús. No modo de combate, o grande trunfo/destaque do game, o jogador deverá administrar muito bem os seus Action Points (APs, ou Pontos de Ação) se quiser sair com o time são e salvo da luta. A estratégia aqui não é apenas mostrar que a party de heróis é mais forte do que a outra não.
Na realidade, tudo acontece de uma maneira que lembra muito uma partida de RPG de mesa. Primeiramente porque os personagens dependem dos APs para se movimentarem e atacarem. Então, por exemplo, se Uther tem 8 APs e gasta 5 se movimentando entre os quadrantes do campo de batalha, só sobrarão 3 APs para ele gastar em seu turno.
Supondo que o jogador conseguiu aproximá-lo de um oponente, será preciso escolher o que o personagem fará em seguida. Ele pode atacar usando um dos golpes listados na parte inferior da interface de batalha, que também consomem APs dependendo do que for executado; ou ainda empurrar o inimigo, defender ou ficar em vigilância.
O alerta, por sinal, é uma posição de batalha extremamente importante, pois não apenas ajuda o personagem a executar as famosas AdOs (Ataques de Oportunidade em mesas de RPG), como também evita que ele leve esse tipo de golpe. Isso sem contar que a atenção fica redobrada para ataques ou projéteis, o que pode aumentar as chances de o boneco se defender ou bloquear as investidas. Pontos de determinação também são bem importantes.
Eles são acumulativos e podem ser usados nas batalhas como uma espécie de moeda de troca: ao usar 1, o boneco ganha mais pontos de ação temporários e pode, portanto, se movimentar ou atacar mais vezes se quiser. Esses pontos de determinação são atributos importantes não apenas para a party de heróis, mas para os inimigos também. Quanto mais os personagens perdem esse elemento, mais penalidades eles sofrem, então é preciso ter cuidado, especialmente ao encontrar inimigos que atacam essa característica em específico.
Também é possível usar objetos do cenário a favor dos heróis durante as batalhas, mas aqui é preciso ter cuidado, pois, dependendo do item, ele também pode causar os mesmos efeitos nos protagonistas, mais atrapalhando do que ajudando. No mais, as localidades podem ser as melhores aliadas em algumas batalhas e, em outras, a pior inimiga dos jogadores.
Vale ainda comentar que, acabando os turnos dos heróis, é a vez dos inimigos atacarem ou se movimentarem pelo cenário. E, ao final das batalhas, a câmera, que até então permanece em uma visão por cima do local, dá um close no último ataque executado em slow motion, dando ênfase à cena e tornando tudo muito gráfico e visceral.
Sistema de evolução…
Os personagens do game não necessariamente evoluem o level. Na realidade, a party compartilha pontos de renome, com os quais podem comprar novas habilidades. Além disso, pode-se equipar os bonecos com proteções e armas eficientes, e vale apontar também como é difícil juntar dinheiro e muitas vezes será preciso economizar nos gastos. Tudo isso torna o gerenciamento da party bastante interessante, mas é primordial ter um pouco de paciência e de cautela com tudo o que for feito.
Curar os personagens no início da história pode se tornar uma verdadeira epopeia, porque os itens de cura são escassos (na verdade, raros), e só se pode recuperar a energia em acampamentos (parcialmente) ou em hotéis (totalmente), que são caríssimos e não compensam. Até a chegada do curandeiro na narrativa, esse aspecto é bem difícil de lidar. Outro contraponto do game nesse sentido de nivelamento é a dificuldade. Ela é inconstante além da conta, com batalhas alternando do fácil para o difícil a qualquer instante e sem muita lógica — não é como se a alternância nas dificuldades ocorresse explicitamente, mas isso pode ser sentido nas lutas quando menos se espera.
Gráficos…
No quesito gráficos, o jogo tem seu charme. Os desenhos dos bonecos em modo exploração e batalha são bem agradáveis e possuem animações bem convincentes e paleta de cores muito agradável, e os artes aplicadas durantes as conversas são muito boas, com um jeitão que encaixa perfeitamente na narrativa e no tipo de game.
No quesito som, como mencionado as músicas não são lá muito empolgantes, e são poucas e acabam se repetindo muito. Quanto aos efeitos de som de explosões, espadas tilintando, etc é som ok. Nada ruim, nada de impressionar.
Bugs acontecem…
Quanto as bugs, o jogo parece ocorrer umas pequenas travadinhas, o fato que deve ter feito o jogo crashar umas 2 vezes, bem no início do game. O jogo apesar de bem simples em quesito de gráficos, poderia estar um pouco melhor otimizado, visto que alguns momentos é bem perceptível a queda de quadros.
Conclusão…
Bem resumidamente a 17TEAM entregou um jogo dentro da sua proposta, um jogo simples, com uma estória sem riscos, belas artes e um combate bem estratégico que vai requerer do jogar uma boa dose de anáise tática do jogador. Quem queria matar a saudade de Final Fantasy Tactics e Fire Emblem vai ter aí uma boa opção para jogar.
Analise feita por Emerson Oliveira